Raquel Lyra demite policial civil dono do maior clube de tiros do Brasil
21/12/2024
Decisão foi tomada quase dois anos depois que o escrivão Diego de Almeida Soares teve a demissão solicitada pela Corregedoria da SDS. Diego de Almeida Soares, em imagem retirada de redes sociais
Reprodução/TV Globo
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), demitiu o policial civil Diego de Almeida Soares, que é réu na Justiça por venda ilegal de armas, falsidade ideológica e uso de documento falso. Segundo inquérito da Polícia Federal, ele era dono do CTA Clube de Tiro, em Caruaru, no Agreste do estado.
Até ser fechado durante as investigações, o local era considerado o maior estabelecimento desse tipo no Brasil (relembre o caso abaixo).
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A decisão foi publicada no Diário Oficial da quarta-feira (18), quase dois anos depois que a Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) solicitou a demissão do servidor por ter empresas em seu nome, o que fere o estatuto dos policiais civis.
Além do clube de tiros, o escrivão era sócio da loja Shop do Atirador, que também funcionava em Caruaru e encerrou as atividades após as investigações. O g1 entrou em contato com a defesa de Diego de Almeida Soares, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.
O agora ex-policial, que foi presidente da Associação dos Policiais Civis de Pernambuco (Aspol) até 2023, ficou conhecido por ser alvo de uma operação da PF em 2022. Atualmente, o caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e está no gabinete do ministro Og Fernandes, que é o relator.
De acordo com a publicação do Diário Oficial, o ex-servidor foi demitido pelas infrações previstas no artigo 31 da Lei Estadual 6.425, de 1972, que proíbe os policiais de participar da gerência de empresas e de exercer comércio ou participar de sociedade comercial.
O pedido de demissão de Diego Almeida Soares foi publicado no Boletim Geral da SDS no dia 21 de março de 2023, quando foi remetido para a governadora Raquel Lyra, que tem a palavra final sobre esse tipo de processo disciplinar, como determina a lei.
No texto do boletim, a então secretária estadual de Defesa Social, Carla Patrícia Barros da Cunha, disse que acatou sugestões e pareceres da 5ª Comissão Permanente de Disciplina da Polícia Civil e da Corregedoria. Todos os documentos apontavam para a pena de demissão.
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Histórico
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O policial foi preso pela Polícia Federal em 2022 e passou quatro meses na cadeia, sendo solto em fevereiro do ano passado (veja vídeo acima).
O clube tiros foi fechado e a PF apreendeu, no local, 2.555 armas.
Em 2023, Diego foi tornado réu pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e comércio ilegal de arma de fogo.
O TRF5 também aceitou o pedido da Polícia Federal em Pernambuco para que as armas apreendidas em Caruaru fossem doadas à PM do estado.
Após recursos, o caso está sob análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Diego ficou milionário com os empreendimentos, de acordo com as investigações da PF, e o patrimônio dele saltou de R$ 390 mil, em 2018, para R$ 60 milhões, em 2021.
Ainda segundo a PF, Diego tinha o maior clube de tiros do Brasil, com 8 mil associados, e oferecia um pacote completo com assistência jurídica, armas e treinamento para os associados.
Na época da prisão, Diego estava construindo mais três clubes, com loja e serviços de manutenção. Um deles seria para tiros de fuzil.
Segundo as investigações, o CTA Clube de Tiro tinha associados em todo o Brasil e agilizava a filiação deles em clubes de diferentes estados. Era uma manobra para os filiados circularem pelo país com armas carregadas.
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